O Rio Alva é o elemento identitário da região, moldando a paisagem e despertando o desejo da descoberta.
À semelhança de Côja e Barril de Alva, várias localidades cresceram nas suas margens, com testemunhos dos povos aos longo dos tempos ali se instalaram.
Nasce na Serra da Estrela a cerca de 1600 m de altitude. Com uma extensão de cerca de 106 km, percorre um caminho sinuoso entre encostas da serra da Estrela e da serra do Açor. É afluente do Rio Mondego, nele desaguando na localidade de Porto da Raiva.
Neste cenário de belezas naturais existe uma diversidade de fauna e flora, típica dos cursos de água. Salgueiros, amieiros, freixos, choupos, sanguinho-de-água, fetos-reais e medronheiros dão sombra às suas margens, a par de peculiares formações litológicas, como xistos, calhaus rolados e das planícies aluviares como a de Côja. Barbos, bogas-comuns e enguias-europeias nadam nas suas águas e fazem parte da gastronomia local.
Vestígios da centenária exploração de minério no rio Alva encontram-se patentes nas “conheiras”, extensos amontoados de calhaus rolados resultantes da filtragem dos inertes.
Lenda dos três rios
Uma lenda refere uma disputa entre o Mondego, o Alva e o Zêzere, três rios nascidos da mesma mãe - a serra da Estrela. Os três viviam tranquilos e alegres, mas, um dia, envolveram-se numa grande discussão sobre quem seria o mais valente. Para acabar com a discórdia, combinaram uma corrida até ao mar. Quem chegasse primeiro seria o vencedor.
O Mondego astuto, forte e madrugador, levantou-se cedo e começou a deslizar silenciosamente para não atrair atenções. Sem que os outros se apercebessem, passou pela Guarda, por Celorico, Gouveia, Manteigas e Canas de Senhorim.
O Zêzere, que também estava atento, saiu ao mesmo tempo que o Mondego. Por entre os penhascos, foi direito a Manteigas, passou pela Guarda e pelo Fundão, mas depois desnorteou-se e, cansado, perdeu-se nas águas do Tejo, em Constância.
O Alva, dorminhoco e poeta, passou a noite a contemplar as estrelas e, confiante no seu génio, adormeceu tarde. Quando acordou, sobressaltado, avistou os seus irmãos a correr ao longe. Tempestuoso, rompeu montes e rochedos, atravessou penhascos e vales e, quando pensava que tinha vencido, esbarrou com o seu principal oponente, o Mondego, que já ia em Coimbra. O Alva, espumando de raiva, ainda tentou expulsar o seu irmão do leito, mas o Mondego engoliu-o com o seu ar altivo e irónico. Este lugar, onde os dois rios lutaram, ficou conhecido como Raiva, em memória da disputa entre os dois irmãos.
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